Há um reino além das brumas do tempo, onde os amantes plantam sementes de promessas em solo sagrado. Cada olhar trocado é uma raiz que se entrelaça, tecendo uma cerca viva contra a ventania da indiferença. Mas alguns homens, em vez de regar o próprio jardim, vagueiam como nômades famintos, colhendo pétalas alheias para enfeitar coroas que nunca se fixam. As suas mãos, cheias de flores murchas, não percebem que o verdadeiro perfume só nasce da terra que se cultiva com dedicação e não da que se pisa em busca de ilusões....
Um homem leal é como o carvalho que, mesmo sob tempestades, não se curva aos ventos passageiros. As suas raízes são feitas de silêncios que falam mais que juramentos: o olhar que não foge, a presença que não titubeia, a mão que não busca outras mãos no escuro. Mas há aqueles que confundem liberdade com desatino, trocando o calor do lar por fogueiras efêmeras, acesas em olhares roubados. E cada chama passageira deixa cinzas, não no chão, mas na alma de quem confiou.
Dizem que os olhos são janelas, mas quantos os transformam em espelhos? Refletem apenas o próprio vazio, buscando em estranhos o que não encontram no espelho da alma. A parceira, então, vira espetadora de um teatro mudo: vê o amor que lhe prometeram ser dissipado em sorrisos distribuídos como moedas falsas. E cada moeda carrega uma mentira: "Não é nada...", "É só amizade!", "Você que está exagerando!!!". Mas o coração ferido conhece a linguagem das ausências e uma ausência disfarçada de normalidade é a mais cruel das facas.::!!!
Ahhhhh, a fantasia perversa de ser "o amável", o encantador de multidões, enquanto a própria rainha se torna sombra no seu próprio castelo!!! Há uma dor antiga nisso, uma mitologia de insegurança vestida de galantearia. O ego, frágil como vidro, precisa de milhares de reflexos para parecer sólido. Mas não é assim nas histórias verdadeiras. Nos contos ancestrais, os heróis não eram os que sorriam para todas, mas os que sabiam morrer por uma só....
Imagine um mundo onde cada homem carregasse dentro de si um sol particular não um astro que incendeia florestas alheias, mas uma luz estável, como a lua que só revela o seu lado oculto para um único céu. Não haveria então tanta sede por constelações alheias. A fidelidade, nesse reino hipotético, não seria virtude, mas respiração. E as mulheres, em vez de guardiãs cansadas de trincheiras emocionais, seriam sacerdotisas de templos onde a confiança não precisa ser vigiada!!!
Massss somos feitos de barro e estrelas, pecadores e poetas. Talvez a cura esteja em reconhecer que toda a fraqueza pode ser transformada em arte. O homem que olha para outras não é um monstro, é um perdido que esqueceu como se achar no próprio reflexo. E a mulher que chora não é frágil, é uma fénix que, um dia, aprenderá a voar acima dos vales da desconfiança...
No fim... o que salva não são promessas de eternidade, mas a coragem de encarar o próprio abismo. Porque só quando um homem para de buscar mitologias nos olhos alheios, ele descobre que o verdadeiro conto de fadas estava ali, quieto, na mulher que esperava, não por um príncipe, mas por um parceiro que soubesse que amor não é posse, mas pacto. E todo o pacto exige um sacrifício: a morte do ego que vagueia, para que renasça o eu que permanece!!!
Que todos nós, então, aprendamos a semear jardins em vez de colher, tempestades. E que os nossos olhos, um dia, sejam tão fiéis quanto as nossas almas prometeram ser... 🌿
TilaC
P.s - Ambos os sexos inclusos neste texto, homens e mulheres...