março 15, 2025

O Jardim dos Olhos Fiéis

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Há um reino além das brumas do tempo, onde os amantes plantam sementes de promessas em solo sagrado. Cada olhar trocado é uma raiz que se entrelaça, tecendo uma cerca viva contra a ventania da indiferença. Mas alguns homens, em vez de regar o próprio jardim, vagueiam como nômades famintos, colhendo pétalas alheias para enfeitar coroas que nunca se fixam. As suas mãos, cheias de flores murchas, não percebem que o verdadeiro perfume só nasce da terra que se cultiva com dedicação e não da que se pisa em busca de ilusões....

Um homem leal é como o carvalho que, mesmo sob tempestades, não se curva aos ventos passageiros. As suas raízes são feitas de silêncios que falam mais que juramentos: o olhar que não foge, a presença que não titubeia, a mão que não busca outras mãos no escuro. Mas há aqueles que confundem liberdade com desatino, trocando o calor do lar por fogueiras efêmeras, acesas em olhares roubados. E cada chama passageira deixa cinzas, não no chão, mas na alma de quem confiou.

Dizem que os olhos são janelas, mas quantos os transformam em espelhos? Refletem apenas o próprio vazio, buscando em estranhos o que não encontram no espelho da alma. A parceira, então, vira espetadora de um teatro mudo: vê o amor que lhe prometeram ser dissipado em sorrisos distribuídos como moedas falsas. E cada moeda carrega uma mentira: "Não é nada...", "É só amizade!", "Você que está exagerando!!!". Mas o coração ferido conhece a linguagem das ausências e uma ausência disfarçada de normalidade é a mais cruel das facas.::!!!

Ahhhhh, a fantasia perversa de ser "o amável", o encantador de multidões, enquanto a própria rainha se torna sombra no seu próprio castelo!!! Há uma dor antiga nisso, uma mitologia de insegurança vestida de galantearia. O ego, frágil como vidro, precisa de milhares de reflexos para parecer sólido. Mas não é assim nas histórias verdadeiras. Nos contos ancestrais, os heróis não eram os que sorriam para todas, mas os que sabiam morrer por uma só....

Imagine um mundo onde cada homem carregasse dentro de si um sol particular não um astro que incendeia florestas alheias, mas uma luz estável, como a lua que só revela o seu lado oculto para um único céu. Não haveria então tanta sede por constelações alheias. A fidelidade, nesse reino hipotético, não seria virtude, mas respiração. E as mulheres, em vez de guardiãs cansadas de trincheiras emocionais, seriam sacerdotisas de templos onde a confiança não precisa ser vigiada!!!

Massss somos feitos de barro e estrelas, pecadores e poetas. Talvez a cura esteja em reconhecer que toda a fraqueza pode ser transformada em arte. O homem que olha para outras não é um monstro, é um perdido que esqueceu como se achar no próprio reflexo. E a mulher que chora não é frágil, é uma fénix que, um dia, aprenderá a voar acima dos vales da desconfiança...

No fim... o que salva não são promessas de eternidade, mas a coragem de encarar o próprio abismo. Porque só quando um homem para de buscar mitologias nos olhos alheios, ele descobre que o verdadeiro conto de fadas estava ali, quieto, na mulher que esperava, não por um príncipe, mas por um parceiro que soubesse que amor não é posse, mas pacto. E todo o pacto exige um sacrifício: a morte do ego que vagueia, para que renasça o eu que permanece!!!


Que todos nós, então, aprendamos a semear jardins em vez de colher, tempestades. E que os nossos olhos, um dia, sejam tão fiéis quanto as nossas almas prometeram ser... 🌿


TilaC


P.s - Ambos os sexos inclusos neste texto, homens e mulheres... 



março 10, 2025

Colheita

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Na infância, meu jardim era desenhado com réguas de obediência. Cada flor brotava no lugar exato, as raízes contidas em vasos de porcelana, as pétalas cor de aurora alinhadas como versos de um poema que todos aplaudiam. Eu regava a terra com mãos pequenas e meticulosas, acreditando que a vida era um mapa de sementes pré-plantadas e segredos por trás de um sorriso quieto.

Mas a adolescência chegou como um vendaval de sementes desconhecidas. Rebeldia, aquela planta invasora, cresceu entre as frestas do cimento, quebrando vasos, colorindo o chão de tintas nunca permitidas. Meu jardim virou floresta: raízes subterrâneas entrelaçaram-se a sonhos proibidos, galhos arranharam o céu, e as flores, agora selvagens, dançavam com o vento que as pessoas chamavam de "fase". Eu não explicava. Sabia que até as tempestades são necessárias para que algumas sementes despertem....

Anos depois, caminho pelo mesmo terreno. A colheita é um mosaico de luz e sombra: frutos dourados pendem de árvores que um dia foram consideradas ervas daninhas, enquanto espinhos delicados enfeitam rosas que não desabrocharam como esperado. Há quem olhe e veja excesso, "tantas cores devem cansar os olhos", dizem. Outros sussurram que a abundância é justa, um tributo à coragem de semear no escuro!!!

Eu calo.... Secreta, guardo na palma da mão a semente mais valiosa: aquela que plantei na noite em que a lua era minha única testemunha. Germinou em silêncio, cresceu entre cicatrizes, e hoje seu fruto brilha como um astro roubado do céu. Não é ouro, nem prata.... é algo que só o universo e eu conhecemos...!!!

Talvez a verdadeira colheita nunca caiba em palavras. Fica entre o cultivado e o acaso, entre o que o mundo enxerga e o que as estrelas registram em seus arquivos de luz. Afinal, todo jardim é um pouco magia: mesmo as flores mais perfeitas escondem raízes que se contorceram para encontrar o sol....

TilaC

Imagem criada com IA



março 09, 2025

Entre semear e colher... 🙏

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 Na infância, o meu jardim era desenhado com réguas de obediência. Cada flor brotava no lugar exato, as raízes contidas em vasos de porcelana, as pétalas cores de auroras alinhadas como versos de um poema que todos aplaudiam. Eu regava a terra com mãos pequenas e meticulosas, acreditando que a vida era um mapa de sementes pré-plantadas, segredos por trás de um sorriso quieto....

Mas a adolescência chegou como um vendaval de sementes desconhecidas. Rebeldia, aquela planta invasora, cresceu entre as frestas do cimento, quebrando vasos, colorindo o chão de tintas nunca permitidas. O meu jardim virou floresta: raízes subterrâneas entrelaçaram-se a sonhos proibidos, galhos arranharam o céu, e as flores, agora selvagens, dançavam com o vento que as pessoas chamavam de "fase". Eu não explicava. Sabia que até as tempestades são necessárias para que algumas sementes despertem!!!

Anos depois, caminho pelo mesmo terreno. A colheita é um mosaico de luz e sombra: frutos dourados pendem de árvores que um dia foram consideradas ervas daninhas, enquanto espinhos delicados enfeitam rosas que não desabrocharam como esperado. Há quem olhe e veja excesso, "tantas cores devem cansar os olhos"... dizem. Outros sussurram que a abundância é justa, um tributo à coragem de semear no escuro.

Eu calo. Secreto, guardo na palma da mão a semente mais valiosa: aquela que plantei na noite em que a lua era minha única testemunha. Germinou em silêncio, cresceu entre cicatrizes, e hoje o seu fruto brilha como um astro roubado do céu. Não é ouro, nem prata... é algo que só o universo e eu conhecemos!!!

Talvez a verdadeira colheita nunca caiba em palavras. Fica entre o cultivado e o acaso, entre o que o mundo enxerga e o que as estrelas registam nos seus arquivos de luz. Afinal, todo o jardim é um pouco magico: mesmo as flores mais perfeitas escondem raízes que se contorceram para encontrar o sol...

TilaC



março 05, 2025
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 Entre nós...

....ergue-se não apenas a distância que os mapas medem em quilômetros, mas um abismo feito de tempo e silêncio, onde até os nossos olhares perderam a coragem de se procurar. Antes, bastava um relance, um fio de luz entre as pálpebras, para que o mundo inteiro se reorganizasse em torno do eixo que nos unia. Agora, somos dois pontos cardeais que se recusam a se reconhecer no mesmo horizonte. Os meus olhos buscam o sul como quem procura uma estrela extinta, enquanto os teus, voltados para o nascente, talvez nem lembrem que o norte ainda carrega o peso de um nome que um dia foi sussurrado como uma prece.
Há uma geografia cruel nesse afastamento: cada passo que dou em direção ao poente é um passo que te empurra para mais longe, como se o universo, na sua ironia cósmica, tivesse amarrado os nossos destinos a cordas elásticas que só se esticam, nunca se encurtam. As noites são as piores, pois é quando a memória se torna uma luneta apontada para o passado. Olho para o céu, tentando adivinhar em qual constelação os teus olhos brilham, mas as estrelas são mudas, e a Via-Láctea é apenas um rio de areia fria escorrendo entre os meus dedos. Quantas vezes-me pego fitando o vazio, como se a força do meu desejo pudesse dobrar o espaço e fazer o teu rosto surgir na escuridão? Quantas vezes invento diáculos com o infinito, perguntando se, onde estás, também contemplas esta mesma abóbada celeste e sentes o mesmo frio de saber que estamos sob o mesmo céu, mas nunca sob o mesmo olhar?
Os nossos olhos tornaram-se astros em galáxias diferentes: os meus, um sol que queima sem testemunhas; os teus, talvez uma lua que ilumina outras paisagens. E mesmo que, por milagre, os nossos raios de visão se cruzassem no éter, eles chegariam atrasados, carregando imagens de um passado que já não nos pertence. Porque a luz demora a viajar, amor. Demora tanto que, quando finalmente alcança o seu destino, já é apenas o fantasma de um instante que nunca voltará. Assim são nossos corpos: separados por anos-luz de saudade, condenados a se verem apenas nas versões desbotadas do que um dia foram.
Às vezes, nas estações de trânsito, quando o outono derruba folhas como lágrimas secas ou o verão incendeia o ar com a sua ânsia, imagino que poderia estar num aeroporto qualquer, perdido entre rostos apressados, e de repente encontrar os teus olhos em meio à multidão. Seria rápido, um segundo roubado ao acaso, mas suficiente para que o mundo parasse de girar. No entanto, sei que isso nunca acontecerá. Porque os nossos caminhos não são linhas que se cruzam; são paralelas traçadas por uma mão indiferente, destinadas a avançar lado a lado, mas separadas por um vácuo intransponível. Até os pássaros que migram entre os nossos hemisférios carregam mensagens que nunca ousamos escrever.
E o que é um amor que não se vê? Que não se toca, não se ouve, não se confirma no calor de um sorriso compartilhado? É um poema escrito em tinta invisível, legível apenas no escuro, quando a solidão aperta o peito e a razão se rende. São versos que ecoam nas câmaras mais secretas do coração, onde guardo o teu nome como uma relíquia proibida. Amar-te assim é como venerar uma divindade que nunca mostrou o rosto: ergo altares de memórias frágeis, acendo velas de talvez, e rezo para que, em algum plano além do físico, exista um lugar onde os nossos olhares possam se encontrar sem medir distâncias.
Até os espelhos tornaram-se cúmplices dessa tragédia. Olho-me neles e vejo, por trás do meu próprio reflexo, o vazio do espaço que poderias ocupar. Onde estás, neste exato momento? Estás de pé junto a uma janela, observando o mesmo crepúsculo que tinge o meu horizonte de púrpura? Ou serás apenas um retrato na parede do tempo, uma imagem fixa que a minha mente insiste em animar com sopros de esperança? Não importa. O fato é que, aqui, o meu olhar se espatifa contra o muro do impossível. Grito o teu nome nas paisagens, mas o vento o devolve em pedaços, como se a própria atmosfera se recusasse a carregar o peso do que nunca fomos.
Se ao menos pudéssemos ver-nos uma última vez, ainda que fosse através de um telescópio que ampliasse milênios de distância! Eu contentaria me com um pixel do teu rosto, um brilho fugidio, qualquer sinal de que existes além da névoa dos meus delírios. Mas nem isso nos é permitido. Resta-me a quietude angustiante de saber que, enquanto os meus olhos se fecham para chorar, os teus se abrem para um amanhecer que não me inclui. E assim, dia após dia, noite após noite, vamos nos tornando estranhos até para as nossas próprias histórias.
Talvez, em outra vida, sejamos dois cometas cujas caudas se entrelaçam numa dança cósmica. Ou duas partículas de poeira estelar que, após eras de errância, finalmente se unem para formar uma nova estrela. Mas aqui, nesta existência, somos apenas isso: dois pares de olhos que aprenderam a ver o mundo em preto e branco, porque a cor morreu na hora em que deixamos de nos enxergar.
E, no entanto... Ahhhhhhh, no entanto. Mesmo sabendo que nunca mais os nossos olhares se cruzarão, continuo a procurar-te em cada esquina do universo. Porque amar-te, agora, é um ato de rebeldia contra a geometria do destino. É erguer catedrais de esperança em meio ao deserto. É soprar brasas de saudade no vendaval que insiste em apagá-las. E se um dia essa chama se extinguir, não será por falta de ardor mas, porque o próprio fogo decidiu levar consigo a última prova de que, em algum lugar entre o norte e o sul, houve um amor tão vasto que nem mesmo o infinito conseguiu contê-lo....

TilaC



março 05, 2025

Uma Jornada de Transformação Interior

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 No jardim da vida, onde plantamos nossos mais profundos desejos, a fé se revela como a água que nutre a semente dos sonhos. Cada gota de confiança depositada no solo fértil da esperança é um convite divino para que Deus abençoe a colheita que está por vir. Ao regarmos nossos sonhos com a irrigação da fé, não estamos apenas lançando água sobre a terra, mas sim alimentando a alma com a crença inabalável de que algo grandioso está sendo cultivado nos bastidores do universo. É como se, a cada prece, estivéssemos sussurrando ao Criador a nossa intenção sincera de fazer florescer aquilo que repousa no solo do nosso coração. Nesse processo, aprendemos que a fé não é apenas um ato de acreditar no invisível, mas uma conexão profunda com a energia cósmica que nos envolve. É a certeza de que, quando confiamos nos desígnios divinos, estamos alinhando nossos passos com um plano superior, transcendendo os limites do que os olhos podem ver. A jornada da fé é marcada por desafios e incertezas, mas é justamente nesses momentos que nossa fé é testada e fortalecida. Como agricultores da alma, precisamos perseverar, mesmo quando as nuvens da dúvida tentam obscurecer o céu sereno da nossa confiança. Pois, assim como a chuva que precede a colheita, a fé nos prepara para receber bênçãos que ultrapassam nossas expectativas mais otimistas.

Ao regar nossos sonhos com fé, estamos também exercendo a humildade de reconhecer que não controlamos todas as estações da vida. Deus, o grande jardineiro cósmico, nos convida a confiar em Seu timing perfeito, onde cada semente plantada tem o seu momento certo para florescer. A colheita não ocorre apenas quando queremos, mas quando a mão divina determina que é o momento ideal para manifestar os frutos do nosso empenho e confiança... No vasto campo da existência, a fé é a força que transcende a superfície do visível e mergulha nas profundezas do invisível. Ela é como as raízes invisíveis que se entrelaçam no solo do coração, buscando nutrientes espirituais que sustentam o crescimento dos nossos sonhos. Quando regamos esses anseios com fé, estamos estendendo nossas mãos para tocar o divino, reconhecendo que há uma trama cósmica que conecta cada semente plantada ao destino que nos aguarda. A fé, por sua vez, não é um mero ato de crença, mas uma jornada de entrega e confiança. 

É a rendição diante do desconhecido, um salto corajoso no abismo da incerteza, onde confiamos que, ao cair, seremos sustentados por asas invisíveis que nos elevam para além das limitações terrenas. Essa entrega não é passiva; é um ato consciente de cocriação com o universo, uma parceria divina que transforma a jornada em um caminho de aprendizado e evolução. A colheita abençoada, então, é mais do que a realização de nossos desejos mais profundos. É a manifestação de um alinhamento entre nossas aspirações e a vontade divina, um reflexo da harmonia entre nossos passos e os desígnios celestiais. Cada desafio ao longo do percurso torna-se um professor sábio, ensinando-nos a arte da resiliência e da paciência, qualidades essenciais para quem ousa confiar no processo de maturação das promessas divinas....!!!  Nesse regar constante com fé, descobrimos que a conexão com o divino não é uma busca por recompensas imediatas, mas uma jornada de transformação interior. Os sonhos que cultivamos são como flores que desabrocham não apenas para embelezar o jardim da vida, mas para perfumar a alma com o aroma da gratidão e da humildade.

 Cada pétala é uma expressão de nossa parceria com o sagrado, um testemunho silencioso de que, ao confiarmos, nos tornamos cocriadores de milagres. Que a jornada de regar os sonhos com fé seja também um convite à introspeção, à comunhão com o divino que reside em cada um de nós. Que possamos, com o coração aberto, permitir que a água da fé penetre as camadas mais profundas da nossa existência, nutrindo não apenas o que almejamos, mas também quem nos tornamos no processo. Pois, no jardim da fé, a colheita é a dança sagrada entre a confiança e a graça divina, uma celebração que transcende o tempo e nos conecta à eternidade do amor que nos sustenta. Que possamos, sendo assim, continuar regando nossos sonhos com fé, conscientes de que a bênção divina está sempre presente, aguardando pacientemente o momento certo de se manifestar. Que a jornada da fé seja uma dança entre nossos anseios e a vontade divina, onde, no compasso do universo, colhemos não apenas realizações, mas a certeza de que, quando confiamos, Deus abençoa a colheita com amor, sabedoria e graça... 🙏

TilaC



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